Aditivo é tudo igual?

A leitura dos rótulos, e principalmente da lista de ingredientes, é uma das principais orientações passadas aos pacientes. Ao criar este hábito, é comum encontrar alguns nomes esquisitos que são, provavelmente, aditivos alimentares.

Para evitar o consumo de alimentos com estes aditivos e incentivar o consumo de alimentos in natura frases como “não coma nada que sua vó não reconhecesse como comida”, “coma comida de verdade”, “descasque mais e desembale menos” costumam ser usadas.

A primeira frase é do livro “Em defesa da comida” do jornalista Michael Pollan (aliás, esta é uma leitura que recomendamos) e achamos válido este apelo de voltar às origens alimentares no sentido de estimular as pessoas a cozinharem e a consumirem mais alimentos in natura.

Entretanto, acreditamos que alguns industrializados, principalmente aqueles minimamente processados (veja o nosso texto sobre este assunto), podem fazer parte de uma alimentação saudável e nem todo aditivo precisa ser evitado. Afinal, nomes esquisitos não são necessariamente um problema: alguns podem até ser vitaminas ou minerais com função de aditivo.

Um exemplo é o “antioxidante ácido ascórbico”. O nome pode assustar e sua avó provavelmente não reconheceria, mas se trata da vitamina C. Essa vitamina é utilizada em alguns produtos para evitar o escurecimento do alimento, como no caso das águas de coco, o que não consideramos prejudicial.

Apesar do seu uso não ser um problema, encontramos opções que dispensam estes aditivos. Isto pode estar associado à tecnologia de processamento ou à qualidade da matéria prima do produto. E, por estes motivos, buscamos valorizar os produtos que não utilizam.

Mas, não são só estes tipos de aditivos utilizados pela indústria: a lista é extensa e existem aditivos de diferentes funções, classes e que podem ou não estar associados a riscos à saúde. Sendo assim, aqui no Desrotulando, avaliamos quanto à sua função e à sua segurança.

Função

Na classificação NOVA, utilizada como base para o Guia Alimentar para a População Brasileira, os aditivos são separados em dois grupos: aditivos “cosméticos” e os demais, os quais chamaremos de “não cosméticos” para simplificar a explicação.

COSMÉTICOS

Neste grupo estão os aditivos que atuam modificando características sensoriais do produto, como cor, aroma, textura e sabor. São aditivos que consideramos desnecessários, pois costumam substituir o uso de alimentos in natura e são característicos de alimentos ultraprocessados.

NÃO COSMÉTICOS

Estão relacionados a objetivos de conservação do produto e manutenção dos seus aspectos originais. Como exemplos temos os antioxidantes, estabilizantes, acidulantes e conservantes. Sua presença, muitas vezes, pode ser necessária no produto. Veja alguns exemplos:

  • O propionato de cálcio (INS 282), conservante comumente utilizado em produtos de panificação, atua inibindo a proliferação de fungos e bactérias.
  • O ácido cítrico (INS 330), aditivo com função de antioxidante, acidulante e regulador de acidez, é fundamental para evitar proliferação de Clotridium Botulinum, causador do butulismo, em conservas.

No vídeo a seguir, mostramos mais exemplos na prática:

Segurança

Apesar dos aditivos presentes nos alimentos serem permitidos e considerados seguros, respeitando-se os limites estabelecidos pela Anvisa, temos um olhar para a segurança do aditivo, independentemente da classificação em “cosmético” e “não cosmético”, e identificamos aqueles que preferimos evitar o consumo. Para realizar essa avaliação utilizamos como referência publicações de órgãos como Organização Mundial da Saúde (OMS), Food and Drug Administration (FDA) e European Food Safety Authority (EFSA).

ADITIVOS COM PRECAUÇÃO

Quando há aditivos banidos em outros países ou com limites máximos de consumo diário mais rigorosos do que a legislação Brasileira, assim como quando há estudos que apontam possíveis malefícios se consumidos em excesso ou por indivíduos mais sensíveis, nós temos o cuidado de diferenciá-los dos demais aditivos e sinalizá-los como “aditivos com precaução” no aplicativo. Veja alguns exemplos:

  • O dióxido de titânio (INS 171) é um corante alimentar que está proibido na União Europeia desde 2021 por apresentar potencial genotóxico.
  • O corante caramelo IV (INS 150d) foi classificado como possivelmente cancerígeno e apresenta limites mais rigorosos no estado da Califórnia.

Clique aqui para conferir a lista completa de aditivos que consideramos como com “precaução”.

Como traduzimos tudo isso no nosso escore?

Sabemos que entender a lista de ingredientes dos produtos e todas estas diferenças dos aditivos não é fácil e é aí que o Desrotulando simplifica a vida dos seus pacientes.

Estas variações de composição irão refletir no escore do produto: produtos com melhores composições, tanto de ingredientes e nutrientes, apresentam notas maiores e produtos com composições menos interessantes apresentam notas menores.

Veja alguns exemplos na prática:

Ficou mais claro? Tem algum nome esquisito que você gostaria de explicar para os seus pacientes? Conta pra gente, vamos adorar ajudar você a desrotular!

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.

Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada MLC, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutrition. Cambridge University Press; 2019;22(5):936–41.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 211, de 1 de março de 2023.

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